Mural Grafismo apresenta símbolos sagrados da etnia Sateré-Mawé em Parintins
Mural Grafismo em alto relevo Sateré-Mawé, do coletivo Buriti
A partir de agora, quem passa pela Escola Tomaszinho Meirelles, em Parintins, município a 369 quilômetros de Manaus, vai conhecer mais sobre os símbolos sagrados da etnia que predomina no Baixo Amazonas, através do Mural Grafismo em alto relevo Sateré-Mawé, do coletivo Buriti. O projeto foi contemplado no edital Prêmio Encontro das Artes, que faz parte das ações emergenciais da Lei nº 14.017/2020, conhecida como Lei Aldir Blanc, operacionalizada no Estado pelo Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa.
Nos traços dos artistas Denildo Teixeira e Adval Bitencourt estão o Ritual da Tucandeira, manifestação cultural com simbolismos de confraternização e passagem; a Lenda do Guaraná, uma das mais populares do folclore sobre a origem do fruto da Amazônia; e o porantim, totem em forma de remo de madeira que internaliza tradições culturais.
Segundo a produtora e roteirista Rafaela Pimentel, que divide a coordenação do projeto com Idevan Souza e Levi Gama, a proposta é apresentar para a sociedade mais informações sobre os grafismos e seus significados.
“Queremos inserir na sociedade a mesma importância que os indígenas dão aos grafismos. A perspectiva é que as pessoas possam entender sobre a sua própria cultura, porque o que elas sabem é que existem etnias e aldeias, mas desconhecem o que, de fato, fazem parte de nós”, afirma Rafaela Pimentel. “No mural, explicamos cada simbolismo em um círculo, que traz o grafismo na borda e o que o significado no centro”, acrescenta.
Pesquisa
A coordenadora destaca que a equipe contou com a consultoria do líder Josias Sateré, da Associação dos Kapi e das Lideranças Tradicionais do Povo Sateré-Mawé, sobre pesquisas para compor o trabalho artístico que ficou pronto em duas semanas.
“Ele esteve à frente no núcleo de pesquisa, nos auxiliou e orientou na organização, porque não somos Sateré. A participação da liderança foi muito importante porque nos deu a liberdade para entender e executar esse projeto”, comenta Rafaela Pimentel. “Tivemos retorno através da sociedade, foi impactante. É especial para nós, pequenos artistas”.
Josias Sateré, membro do clã Lagarta, da aldeia Ponta Alegre, da Terra Andirá-Marau, explica que o grafismo mostra como os indígenas devem viver, de maneira comunicativa e simples de compreender.
“Para mim, participar do grafismo é muito bom, por poder contar a história do meu povo”, afirma o líder.
Ficha técnica
Organizadores: Rafaela Pimentel, Idevan Souza e Levi Gama
Pesquisa: Josias Sateré
Artistas: Denildo Teixeira e Adval Bitencourt
Fotografia: Sther Alexia
Videomaker: Eduardo Melo