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Acessibilidade e inclusão no Festival de Parintins

Considerado o mais vultuoso evento cultural da Amazônia, a festa parintinense apresenta contrapartidas que valorizam as imagens de Caprichoso e Garantido e das marcas que apoiam o festival

 O Festival de Parintins é a força cultural da Amazônia, enquanto mobilização estética do povo que nela habita. Acontece no último final de semana do mês de junho, na cidade de Parintins (distante 369 quilômetros de Manaus) e movimenta cadeias econômicas e sociais. Mas, além de girar a roda do turismo sustentável e de fomentar a arte enquanto expressão de um povo, o Festival de Parintins é também uma forte ferramenta de inclusão. Nos currais dos bumbás e na arena da disputa, espaços foram criados para abrigar o público PcD.

As ações fazem parte da contrapartida social de abraçar setores excluídos da sociedade parintinense ou mesmo limitados no acesso a eventos ou programações de caráter artístico como é o caso do Festival Folclórico de Parintins. A iniciativa até aqui bem-sucedida, tem o engajamento das diretorias dos bois Caprichoso e Garantido e de patrocinadores do festival que entendem que apoiar e investir em eventos da cultura popular, como é o exemplo de Parintins, é contribuir para que a sociedade participe. E isso se traduz na presença total de pessoas com deficiência física, auditiva, visual, intelectual e múltipla.

De acordo com André Guimarães, diretor executivo da Maná Produções & Eventos, empresa responsável por firmar parcerias estratégicas de mercado para os bois Garantido e Caprichoso, o evento de Parintins é precioso quando o assunto é inclusão.

“Temos uma festa popular que alia a defesa do meio ambiente, a proteção dos povos tradicionais e a preservação da floresta em pé enquanto bem universal da humanidade. Essa diversidade inclusiva atende a todos e todas que fazem parte do extrato social do Brasil. É um evento que celebra todos nós em nossas múltiplas particularidades e necessidades”, observou.

Fazendo sua parte

Para o presidente do Boi Garantido, Fred Góes, assegurar espaços para o público PcD é reafirmar o próprio tema do Garantido para 2025: “Garantido Boi do Povo, Boi do Povão” cuja proposta é exaltar o público que apoia e torce pelo bumbá.

“A inclusão do público PcD é um compromisso que precisa estar presente em todas os meios do Festival de Parintins e do Boi Garantido, que são espaços de diversidade, não apenas por uma questão legal, mas principalmente por respeito e valorização da pluralidade que compõe a nossa cultura”, defendeu.

“Garantir acessibilidade nos ensaios, eventos e, sobretudo, nas três noites do Festival é assegurar que todos possam viver a emoção do Boi-Bumbá com dignidade e respeito. Estamos trabalhando para ampliar esses espaços, seja com estrutura física adequada, sinalização, atendimento especializado ou iniciativas culturais que promovam a participação ativa das pessoas com deficiência, para que nossa festa seja cada vez mais acessível a todos os públicos.”, informou Fred.

Já Rossy Amoedo, presidente do boi Caprichoso, destaca o papel social e inclusivo do “Touro Negro” quando o assunto é valorizar a cultura popular enquanto expressão de um povo. “Acreditamos que a cultura só é verdadeiramente grandiosa quando é acessível a todos. Assegurar a participação do público PcD nos nossos eventos é uma forma de reafirmar que o Caprichoso é do povo, sem exceções. No curral Zeca Xibelão e na escolinha de arte irmão Miguel de Pascale trabalhamos para que cada espaço seja mais inclusivo, acolhedor e respeitoso com todas as diferenças”, disse o gestor do azul.

A lei é clara

A assistente social e produtora de eventos, Néia Guerreiro, que compõe a equipe responsável por viabilizar acessos do publico PcD nos eventos dos bois Caprichoso e Garantido, comentou sobre o tema e os desafios de incluir essa parcela da população.

“O que fazemos é tornar viável a acessibilidade nos currais, um tema que não era nem para se debater, pois por lei é direito de todos os deficientes ter acessibilidade”, observou. “Mais temos que falar que é para garantir esse direito, tanto quanto à meia entrada ou gratuidade quando a Pessoa com Deficiência, pois a lei é bem clara no artigo Art. 16. Que diz ‘Fica instituída a gratuidade para pessoas com deficiência e meia-entrada para seu acompanhante nos eventos, em salas de cinema, em espetáculos de teatro e circo, em museus, parques e eventos educativos, esportivos, de lazer, culturais”, apontou.

Parceiras na inclusão

Experiente quando o assunto é dialogar, entender e participar para construir uma sociedade mais democrática e justa, André Guimarães da Maná Produções & Eventos descreve a sensação de estar contribuindo.

“O mais gratificante de trabalhar com essas empresas parceiras é perceber que elas trazem mais do que recursos para o festival, elas trazem uma nova visão de mundo e um novo comportamento de aceitação e respeito àqueles e àquelas que estão entre nós, mas, quase sempre são invisibilizados em eventos que precisam ser acessíveis a todos e a todas”, afirmou. “Parintins já é um exemplo para o Brasil e o mundo”, finalizou o executivo da Maná.

Texto: Mencius Melo
Fotos: Melk Guerreiro

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