Arte tema do Boi Caprichoso 2025
Arte Tema Caprichoso 2025 – Criação, concepção e arte: Adolfo Tapaiuna Sateré/Ananda Cid/Denner Silva
É TEMPO DE RETOMADA!
É tempo de retomada! Nossa Mãe Terra exaurida, esgotada e explorada avisa dos seus últimos suspiros. Até mesmo os mais negacionistas climáticos já começam a se entender como parte dela.
Nossos ancestrais indígenas de todas as partes do mundo, africanos e gente de tantas etnias nos deixaram o imensurável legado de cuidá-la, amá-la e protegê-la como a nossa própria vida. Em nome do progresso, embevecidos por um sistema que a cada dia se mostra falho e estonteado pelas tantas ilusões e pseudonecessidades, ignoramos por muito tempo a exaustão do nosso próprio futuro.
Mas, a floresta ainda está de pé! Homens e mulheres a guardam e até sucumbem entregando suas próprias vidas para proteger a vida de todos nós. Ainda há tempo de um último grito pela preservação, pois é tempo de retomada.
Tempo de retomar os saberes ancestrais que não violam as florestas, águas e ar, que não envenenam nossas crianças, o útero de nossas mulheres e o ar que respiramos, que guardam acura para o corpo, para o mundo e para o espírito.
É retomar a sabedoria banto, nagô, hauçás e yorubá: fazer do peito partir a sankofa num voo da Amazônia para o mundo.
É tempo da retomada, dos espíritos que junto com as águas esvaíram-se dos furos, lagos e igarapés. Espíritos sufocados com a fumaça, escondendo-se de baixo das pedras e dos troncos que apodrecem nas ribanceiras, da cobra grande encolhida para não revelar os segredos das gentes do fundo.
É tempo de retomar tradições que afagam, em meio a tantos sofrimentos, a alma de nosso povo, brincadeiras, o batucar da toada, a dança ritmada dos nossos brincantes ao redor da fogueira e o trotar dos cavalinhos de pano ao redor do nosso amado Caprichoso.
É retomada de gente de todas as cores: indígenas, negros, quilombolas, mulheres, crianças, LGBTQIAPN+ ao poder político em todo mundo.
É a retomada da arte para os braços do povo que na cultura do Boi-Bumbá se ergue como uma bandeira de autoproclamação.
É a retomada da Amazônia floresta, da vida, da esperança e do amor. A retomada é filha da luta, corajosa e esperançosa, de um Boi Negro que ilumina seu povo com a estrela da esperança liberta em cantos, versos, danças, visualidades e encantamentos – portentosa arte popular!
Como nos ensina a originária Trudruá Makuxi, “Trata-se sempre de nós. De como reconstruímos relações fraternas e afetivas. De como somos mais fortes em rede. Retomada é um paradigma de poesia”.
É Parintins, é o Boi-Bumbá Caprichoso!
É tempo de retomada!