Celebrando a população negra que vive na Amazônia, o boi Garantido encerra a 2ª noite do Festival
Comprometido com a visibilidade da população negra que vive na Amazônia, o Boi-bumbá Garantido encerrou a 2ª noite do Festival Folclórico de Parintins, na arena do Bumbódromo, neste sábado, dia 25/6, com a temática Luta, Resistência e Revolução dos povos da floresta e mostrou povos inviabilizados e negados pelo racismo, pelo preconceito, pela colonização e outros processos violentos.
Única filha viva do criador do Garantido, dona Maria Monteverde abriu a apresentação do bumbá nesta segunda noite, junto com o apresentador Israel Paulain, após polêmica nas redes sociais.
Entenda a polêmica
Na 1ª noite do Festival, a família de dona Maria Monteverde emitiu uma nota de repúdio nas redes, reclamando que a diretoria do boi Garantido não havia enviado roupas da batucada para dona Maria, como costumava fazer todos os anos.
Figura Típica Regional – Para a 2ª noite o boi Garantido trouxe como Figura Típica Regional “Cabanos da Amazônia”. Cansados da exploração a que eram submetidos na época da Cabanagem, negros, brancos empobrecidos, tapuios e indígenas uniram-se em busca de melhoria de condições de vida. As humildes cabanas tornaram-se elemento simbólico de gente que lutava para acordar viva no dia seguinte.
A toada “Cabanagem” foi defendida no item Toada, Letra e Música pelo Levantador de toadas da noite, Edilson Santana.
A Celebração Folclórica trouxe a Festa do Povo Negro, que coloca o povo afro-brasileiro nortista como protagonista.
Lenda Amazônica – Xandoré e Ticê é originária do povos tupi-guarani que, assim como o povo que preserva a Amazônia, há também o que a destrói para alimentar a ganância, o ódio, a ira e o garimpo. Esses elementos foram materializados na representação de Xandoré, que representa a destruição. Ticê é uma mulher indígena capaz de aplacar o ódio do deus da maldade. Xandoré é atacado, e esse ataque faz alusão aos povos tradicionais tentando se defender das mazelas trazidas pelos garimpos e por pessoas que atentam contra a vida de quem defende a Amazônia, a exemplo do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, assassinados no Vale do Javari.
Tribos Coreografadas – Nas Tribos Coreografadas participaram a cunhã-poranga Isabelle Nogueira e a rainha do Folclore Edilene Tavares, representando a rainha indígena e negra, respectivamente.
Helena Theodoro, a primeira mulher negra com título de doutorado no Brasil, também participou do momento.
Pra encerrar sua apresentação boi da Baixa trouxe o Ritual Indígena Apocalipse Karajá, de concepção alegórica do artista Carivardo Vieira , que trouxe o pajé Adriano Paketá.
Fotos: Roger Matos