Especialista recomenda estudo da história das emoções para ajudar em planejamento financeiro
Este ano, mais de 110 milhões de consumidores devem ir às compras de final de ano e desembolsar, em média, R$ 115,90 por produto, segundo dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). O cenário de crise não deve impedir a injeção de aproximadamente R$ 53,5 bilhões na economia do País, segundo a estimativa do órgão. Em meio a esse cenário, muitas pessoas buscam se planejar e se organizar para o ano que se inicia. Antes de seguir para as planilhas, no entanto, o ideal é buscar compreender emoções que guiaram sua relação com o dinheiro para uma vida financeira estável e eficaz.
A dica é da economista Arlene Sousa, que vem estudando a influência da Psicologia como uma ferramenta que auxilia no processo de Educação Financeira. “Analisar e enxergar suas principais lembranças sobre dinheiro ao longo do tempo, desde quando era criança até o momento atual, relacionando os momentos às emoções vividas, como raiva, tristeza, traição e medo, por exemplo, ajudam a evidenciar seus flashpoints financeiros”, explica. A dica serve, principalmente, para o momento de quarentena em que, normalmente, a ansiedade se alia à facilidade das compras online.
Flashpoints, segundo a economista, que é presidente da Comissão de Educação do Conselho Regional de Economia do Amazonas (Corecon-AM), são os momentos que você identifica como início das reações que virão daquele gatilho emocional. “A mais obvia é a família. Na infância fazemos descobertas e chegamos a conclusões sobre o mundo com base nas mensagens intencionais e não intencionais que nos são passadas pelas pessoas mais próximas”, afirma.
De acordo com Arlene Sousa, um exercício eficaz é separar de 20 a 30 minutos sem interrupção para um uma prática retirada do livro “A Mente Acima do Dinheiro”, de Brad e Ted Klontz, que pode ajudar no planejamento e no entendimento do comportamento financeiro. Para isso, a indicação é começar desenhando uma linha do tempo. “Depois, busque suas primeiras lembranças com o dinheiro e comece a registrá-las, da esquerda para a direita (nascimento até agora), sendo as positivas colocadas acima da linha e as negativas abaixo. Quando chegar ao presente, volte a cada incidente e identifique o que você sentiu. Nesse momento, pode sinalizar com emotions. A cronologia é importante para entender como criou suas crenças sobre dinheiro”, explica.
O ideal é buscar pontos de semelhança e identificar os momentos em que se sentiu financeiramente traído ou realizado, segundo Arlene Sousa. “Analisando tudo, tente resumir, de maneira geral, em um parágrafo, o que você aprendeu sobre dinheiro a partir de suas experiências”, afirma Sousa.
A economista defende que “saber a história pela qual você passou é a melhor forma de poder criar uma nova história”.
“Esse é um estudo que identifica que as dificuldades financeiras não vêm exclusivamente da desorganização ou da ‘preguiça’. A verdade é que elas se originam de forças psicológicas presentes fora de nosso pensamento consciente e estão profundamente enraizados no passado”, explica.
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