Morre Thiago de Mello, poeta amazonense, aos 95 anos
Autor de ‘Os Estatutos do Homem’ ganhou exposição virtual e homenagem na Bienal de SP no ano passado
Thiago de Mello, 95, morreu nesta sexta-feira (14) em Manaus. Ele faleceu em casa e a causa da morte ainda não foi informada.
Nascido em Barreirinha, no interior do Amazonas, Thiago de Mello e é um dos poetas mais conhecidos do Norte do país. Influente tanto nacional quanto internacionalmente, tem suas obras traduzidas para mais de trinta idiomas.
Seu poema mais conhecido é ‘Os Estatutos do Homem’, em que o poeta chama a atenção do leitor para os valores simples da natureza humana. Membro da Academia Amazonense de Letras, Thiago de Mello recebeu o destaque de Personalidade Literária do Prêmio Jabuti, em 2018, pelo conjunto da obra.
Presidente do Conselho Municipal de Cultura de Manaus (Concultura), o escritor e poeta Tenório Telles lamentou. “A passagem de Thiago de Mello é uma nota triste para a cultura brasileira. Sua poesia e seu legado ficará como testemunho de sua presença e da humanidade e beleza de seu canto”, declarou em publicação numa rede social.
O governador do Estado, Wilson Lima, e o prefeito de Manaus, David Almeida, declararam luto oficial de três dias pelo falecimento do poeta. O velório de Thiago de Mello ocorrerá no Palácio Rio Negro, Centro Histórico de Manaus, em horário a ser definido.
Parintins – Os bois Garantido e Caprichoso manifestaram pesar pelo falecimento de Thiago de Mello. O Boi Garantido relembrou a participação do poeta no Festival Folclórico de 2008. “Nosso poeta maior, o inesquecível Thiago de Mello, é mais um dos nossos que partiu para ficar! Impossível não sentir emocionalmente o peso de suas palavras e, hoje, com essa notícia, ‘faz escuro, mas eu canto’! Filho de nossos beiradões, nosso poeta representava muito bem nossa Amazônia do Povo Vermelho. Ele participou de nossa apresentação em 2008. Descanse em paz, Eterno“, disse em publicação de rede social.
O Boi Caprichoso reproduziu “Os Estatutos do Homem”, poema mais famoso do autor, para homenageá-lo. “Fica decretado que agora vale a verdade,/ que agora vale a vida, / e de mãos dadas, / marcharemos todos pela vida verdadeira. Os Estatutos do Homem, símbolo de resistência e esperança. Fica decretado que o Poeta da Floresta é eterno, é eterno como suas poesias, é eterno como suas memórias, é eterno como suas obras“.
Obra e legado – Em setembro do ano passado, a 34º Bienal de São Paulo homenageou Thiago de Mello. O verso que inspirou a bienal, ‘Faz escuro mas eu canto’, é parte do poema ‘Madrugada Camponesa’.
Também no ano passado, em celebração aos seus 95 anos de vida, a Prefeitura de Manaus realizou a exposição virtual “Thiago de Mello 95 anos de vida, poesia e amor por Manaus”, a partir de acervos pessoais e públicos do poeta, com fotos, entrevistas e vídeos, disponível no link https://vidaecultura.manaus.am.gov.br/.
Fotos: Ingrid Anne/Manauscult e Paulo Sicsu