Romahs, quadrinista parintinense, concorre ao Prêmio Jabuti de Literatura
“Todos os meus gatos de volta” é o livro de estreia como escritor
Natural de Parintins (AM), o artista visual e quadrinista amazonense Rogério Mascarenhas, mais conhecido como Romahs, de 51 anos, foi selecionado para concorrer à 64ª edição do prêmio Jabuti de Literatura, na categoria infanto-juvenil, com a obra “Todos os meus gatos de volta”. O livro, da Reggo Editora, é o primeiro do artista como escritor.
Apaixonado por cartuns e por histórias em quadrinhos desde criança, Romahs ressalta que sempre gostou de desenhar e se identificava com esses modelos de gênero textual que faz o uso da linguagem não verbal. Autodidata, destaca ainda que tudo o que sabe aprendeu sozinho.
“A minha história com os cartuns surgiu na minha infância e eu era muito apaixonado. Admirava o tipo de desenho dos rótulos das embalagens, dos produtos, dos desenhos animados da TV e das (HQ’s). Gostava muito de desenhar, mas desde essa época eu já percebia que o que mais me chamava atenção e o que mais eu gostava era de história em quadrinhos e desse tipo de desenho. Eu sou autodidata e não fiz cursos de licenciatura na área”, destacou.
Em mais de 25 anos de carreira, Romahs atua como cartunista, quadrinista e roteirista nos Estúdios Maurício de Sousa há mais de 10 anos. Para ele, trabalhar no maior estúdio de quadrinhos da América Latina com um dos mais importantes quadrinistas do país é a realização de um sonho de infância.
“Faço o roteiro da Turma da Mônica, mas não da geração jovem e sim dos quadrinhos coloridos da turminha tradicional, deles crianças e, eventualmente dos desenhos animados. Trabalhar com ele é fantástico. É um sonho de infância trabalhar com o seu ídolo, o maior estúdio de quadrinhos da América Latina. Mesmo sendo o mais importante quadrinista do Brasil, ele tem uma simplicidade imensa com cada um de nós. Na produção, ultimamente a gente tem dado preferência para os personagens inclusivos”, ressaltou.
“Todos os meus gatos de volta” gira em torno de um menino chamado Bubba, um garoto simples, acima do peso, com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e ansiedade que num fim de tarde chuvoso, ouve miados em um beco escuro. É uma gatinha abandonada e ele a adota. Logo, a presença dela na sua casa irá jogá-lo numa aventura perigosa, num universo mágico que o menino nunca sonhou adentrar.
Romahs ressalta que a ideia de produzir a obra surgiu após uma conversa com o filho Arthur, que na época tinha 8 anos, sobre os gatos que já passaram pela família. Muito apegado aos animais da família, Arthur teve curiosidade para saber a respeito do que teria acontecido com cada um desses animais.
“Meu filho Arthur entrou na cozinha com esse sentimento nostálgico e eu fiquei pensativo nisso. Ele tem um carinho especial por animais, costumava relembrar seus felinos, gato por gato, listando mentalmente todos os bichanos que nasceram das gatas que já tivera em casa. Percebi que tinha ali uma ótima ideia para um roteiro de quadrinhos, em que uma criança põe a mochila nas costas com um menino numa missão: reaver seus bichanos distantes e saber como estavam passando e depois veio a ideia de fazer um livro ilustrado”, ressaltou.
O escritor amazonense se aprofundou no assunto. Ele se deparou com um extenso conteúdo em torno dos animais da mitologia de vários povos e culturas pelo mundo. Tudo acabou despertando no autor a vontade de criar uma aventura tendo como personagens as várias representações de felinos em outras culturas.
Referência entre os prêmios literários do país, o Prêmio Jabuti é patrimônio cultural. Há anos, ele amplia os feitos da indústria editorial e o alcance da cultura literária nacional. Em sua 64ª edição, o Jabuti tem o propósito de iluminar o que de mais significativo se produz em seus quatro eixos — Literatura, Não Ficção, Produção Editorial e Inovação.
Para o artista, receber a premiação seria a realização de um sonho por ser um dos mais importantes voltados para a literatura brasileira. Romahs pontua ainda que só de estar concorrendo já se sente premiado, mas que trazer o prêmio para o Amazonas seria significativo para a literatura infanto-juvenil do Estado.
“Seria um sonho ganhar um prêmio de tamanha expressão que talvez é o mais importante da literatura brasileira hoje em dia. Já me sinto premiado em estar concorrendo, mas seria muito importante para mim e para literatura infanto-juvenil amazonense se eu ficasse, por exemplo, entre os dez finalistas. Apostei em muitos sonhos no decorrer da minha carreira e muitos se realizaram, então para mim nada é impossível”, destacou.
Sobre os próximos projetos no mundo das artes visuais, Romahs adianta que parar de fazer quadrinhos é algo distante dos planos. Além disso, ressalta o desejo em continuar projetos antigos e lançar um o livro “O Menino que Morava no Poste”, que foi escrito há 20 anos, mas, por falta de financiamento, está engavetado. Os planos de Romahs são de lançá-lo no final do ano.
“Eu tenho muitos planos no cartum, mas, especificamente nos quadrinhos. Eu criei há uns 20 anos atrás as tirinhas da Bee e Lulli, que são baseadas nas minhas filhas, que quando eram crianças na época. Elas saíam em dois jornais de Manaus e, no lançamento do livro, fiquei interessado em encadernar e lançar um material novo em formato de livro. Há mais ou menos uns 20 anos, escrevi o livro ‘O Menino que Morava no Poste’ e recentemente consegui o financiamento para lançá-lo e surgiu a ideia do outro livro, mas pretendo lança-lo no final do ano”, pontuou.
O livro “Todos os meus gatos de volta” foi publicado com apoio do edital de cultura Conexões Culturais (2020) da Manauscult, apoiado pela Lei Federal Aldir Blanc.
A obra já está à venda no site www.umlivro.com.br, em outros sites de vendas como Amazon e também está disponível em Manaus, na banca do Largo de São Sebastião, na Feira da Eduardo Ribeiro (na barraca Don’t Panic) e em várias livrarias da cidade.
Edição Web e pauta: Bruna Oliveira
Reprodução Portal Em Tempo